segunda-feira, 6 de julho de 2020

Liria Bordinhao - 2 A Lingua Portuguesa e Literatura - semana de 06 a 10 de julho


Prof. Liria Bordinhao – 2 A de 06 a 10 de julho LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
REVISAO SOBRE O ROMANTISMO
Prof. Liria Bordinhao – LINGUA PORTUGUESA E LITERATURA  
DATA DA AULA: 25/06/2020
HORÁRIO: 17H00 às 17h35
TEMA DA AULA: A voz Silenciada
ETAPA DE ENSINO: 2º ano Médio

Habilidades do Currículo do Estado de São Paulo:
Ø  Inferir o sentido de palavras ou expressões em textos literários do século XIX, considerando o contexto que as envolve.

Objetivos da aula:
Ø  Texto narrativo: romance

ATIVIDADE 1 - RESPONDA

Ø  Qual era a condição das mulheres no Brasil do século XIX,. especificamente das mulheres negras?
Ø  O que mudou em relação ao tratamento dada às mulheres nos dias de hoje, especificamente as pobres, negras e periféricas?
Ø   

ATIVIDADE 2 - LEIA  - A voz silenciada    RESPONDA AS PERGUNTAS


Imagem disponível em:<https://www.nappy.co/>.Acesso em: 07 nov. 2019.

 Currículo Paulista. Caderno do Aluno, vol.2. p.114
       Durante o século XIX, período do Romantismo na Literatura Brasileira, a presença do negro nas obras literárias foi muito reduzida. Nas publicações de época, eram muitas vezes silenciados
ou representados como submissos e subjugados, sem voz ou resistência.
        Em 1859, uma escritora maranhense, Maria Firmina dos Reis, publicou Úrsula, considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, e o primeiro por uma mulher negra na América
Latina.
       Neles, a protagonista é uma mocinha branca clássica de romance, mas a autora dá voz
às personagens escravizadas, representando-as em toda a sua dimensão humana, com subjetividade e desejos individuais, quebrando o padrão da escrita dos folhetins da época.



Ø  Por se tratar de um romance publicado no século XIX, algumas palavras poderão ser desconhecidas.
Ø  Anote-as durante a leitura, procurando inferir seu significado pelo contexto.
Ø  Você pode acompanhar a leitura pelo seu Caderno do Aluno, na página 114.
Ø  Após as atividades, procure o significado das palavras para verificar as hipóteses que você levantou e aprofundar suas habilidades de leitura.

CAPÍTULO 9 – A PRETA SUZANA
       [...]
       Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
— Ah, pelo céu! — exclamou o jovem negro enternecido — sim, pelo céu, para que essas recordações?
— Não matam, meu filho. Se matassem, há muito que morrera, pois vivem comigo todas as
horas.
       Vou contar-te o meu cativeiro.
       Tinha chegado o tempo da colheita, e o milho e o inhame e o amendoim eram em abundância nas nossas roças. Era um destes dias em que a natureza parece entregar-se toda a brandos folgares, era uma manhã risonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu tinha um peso enorme no coração. Sim, eu estava triste, e não sabia a que atribuir minha tristeza. Era a primeira vez que me afligia tão incompreensível pesar. Minha filha sorria-se para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência semelhava um anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos braços de minha mãe, e fui-me à roça colher milho. Ah, nunca mais devia eu vê-la.

 No excerto:
       “Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
— Ah, pelo céu! — exclamou o jovem negro enternecido — sim, pelo céu, para que essas recordações?”

A - Por que o jovem negro ficou enternecido (sensibilizado) com as recordações da personagem? (Responda no caderno)

       Ainda não tinha vencido cem braças do caminho, quando um assobio, que repercutiu nas
matas, me veio orientar acerca do perigo eminente que aí me aguardava. E logo dois homens
apareceram, e amarraram-me com cordas. Era uma prisioneira — era uma escrava!
       Foi embalde que supliquei em nome de minha filha, que me restituíssem a liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas lágrimas, e olhavam-me sem compaixão. Julguei enlouquecer, julguei morrer, mas
não me foi possível. . . A sorte me reservava ainda longos combates. Quando me arrancaram
daqueles lugares, onde tudo me ficava — pátria, esposo, mãe e filha, e liberdade! Meu Deus, o
que se passou no fundo da minha alma, só vós o pudestes avaliar!
       “Meteram-me a mim e a mais trezentos companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é mais necessário à vida passamos nessa sepultura, até que abordamos às praias brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé, e, para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como os animais ferozes das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa: davam-nos a água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca; vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim, e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos!”

Ø  Neste excerto de “Úrsula”, de Maria Firmino dos Reis, há a descrição do meio de transporte utilizado para o tráfico de serres humanos da África para o Brasil. (Responda no caderno)
Ø   




B - Você sabe a qual meio de transporte se refere o texto?



Ø  No excerto seguinte, é possível perceber duas posturas dos africanos raptados e trazidos pelo navio negreiro.



Ø         “Muitos não deixavam chegar esse último extremo — davam-se à morte.
       Nos dois últimos dias não houve mais alimento. Os mais insofridos entraram a vozear. Grande Deus! Da escotilha lançaram sobre nós água e breu fervendo, que escaldou-nos e veio dar a morte aos cabeças do motim.
       A dor da perda da pátria, dos entes caros, da liberdade fora sufocada nessa viagem pelo horror constante de tamanhas atrocidades.
       Não sei ainda como resisti — é que Deus quis poupar-me para provar a paciência de sua
serva com novos tormentos que aqui me aguardavam. O comendador P. foi o senhor que me
escolheu. Coração de tigre é o seu! Gelei de horror ao aspecto de meus irmãos. . . os tratos
porque passaram, doeram-me até o fundo do coração.”

REIS, Maria Firmina dos. Úrsula. Disponível em:<https://cadernosdomundointeiro.com.br/pdf/Ursula-2a-edicaoCadernos-do-Mundo-Inteiro.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2019.

Nos excertos lidos há a presença de muitos pontos de exclamação.

Ø  C-  O que o uso desse recurso confere ao texto?

Ø  D- que você sabe sobre o livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, escrito no Brasil no ano de 1960?(pesquise)



      Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo são importantes escritoras brasileiras. A literatura produzida por elas traz a voz de mulheres silenciadas e reprimidas pela sociedade, mas para além disso, também questionamentos acerca da identidade fragmentada em tempos modernos.
       Elas resgatam discussões já iniciadas por Mário Firmina dos Reis, ampliando de modo singular a maneira de se compreendera literatura produzida no país. Vale a pena conhecer suas obras e estudar a relevância delas no contexto histórico-social no qual estão inseridas.

Carolina Maria de Jesus, autora do livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”



ATIVIDADE 3-   Elaborando podcasts ( opcional)

Ø  Agora que você já conheceu um pouco sobre a obra de Maria Firmina dos Reis, que tal ajudar a divulgá-la? Faça uma pesquisa sobre a autora e o contexto de produção. Escolha um tema para desenvolver seu trabalho. Sugerimos alguns:
·         A cultura dos povos escravizados.
·         A condição feminina nos dias de hoje.
·         O papel da mulher negra na literatura brasileira.
·         Maria Firmina dos Reis e a obra de Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo.
Depois, é só compartilhar seu trabalho e divulgar para a comunidade, utilizando podcasts.

Currículo Paulista. Caderno do Aluno, volume 2 , página 117.


Bons Estudos!!


                                 lilibordinhao@gmail.com


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