Prof.
Liria Bordinhao – 2 A de 06 a 10 de julho LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA
REVISAO SOBRE O ROMANTISMO
Prof.
Liria Bordinhao – LINGUA PORTUGUESA E LITERATURA
DATA DA AULA: 25/06/2020
HORÁRIO: 17H00 às 17h35
TEMA DA AULA: A voz Silenciada
ETAPA DE ENSINO: 2º ano Médio
Habilidades
do Currículo do Estado de São Paulo:
Ø
Inferir
o sentido de palavras ou expressões em textos literários do século XIX,
considerando o contexto que as envolve.
Objetivos
da aula:
Ø
Texto
narrativo: romance
ATIVIDADE 1 - RESPONDA
Ø
Qual era a condição das
mulheres no Brasil do século XIX,. especificamente das mulheres negras?
Ø
O que mudou em relação ao
tratamento dada às mulheres nos dias de hoje, especificamente as pobres, negras
e periféricas?
Ø
ATIVIDADE 2 - LEIA - A voz silenciada RESPONDA AS PERGUNTAS
Imagem disponível em:<https://www.nappy.co/>.Acesso em: 07
nov. 2019.
Currículo
Paulista. Caderno do Aluno, vol.2. p.114
Durante o século XIX, período do
Romantismo na Literatura Brasileira, a presença do negro nas obras literárias
foi muito reduzida. Nas publicações de época, eram muitas vezes silenciados
ou representados como submissos e subjugados, sem voz ou resistência.
ou representados como submissos e subjugados, sem voz ou resistência.
Em 1859, uma escritora maranhense,
Maria Firmina dos Reis, publicou Úrsula,
considerado o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil, e o primeiro
por uma mulher negra na América
Latina.
Latina.
Neles, a protagonista é uma mocinha branca
clássica de romance, mas a autora dá voz
às personagens escravizadas, representando-as em toda a sua dimensão humana, com subjetividade e desejos individuais, quebrando o padrão da escrita dos folhetins da época.
às personagens escravizadas, representando-as em toda a sua dimensão humana, com subjetividade e desejos individuais, quebrando o padrão da escrita dos folhetins da época.
Ø
Por se tratar de um romance publicado no século XIX, algumas
palavras poderão ser desconhecidas.
Ø
Anote-as durante a leitura, procurando inferir seu significado
pelo contexto.
Ø
Você pode acompanhar a leitura pelo seu Caderno do Aluno, na página
114.
Ø Após as atividades,
procure o significado das palavras para verificar as hipóteses que você
levantou e aprofundar suas habilidades de leitura.
CAPÍTULO 9
– A PRETA SUZANA
[...]
Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
Tudo me obrigaram os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
— Ah, pelo céu! —
exclamou o jovem negro enternecido — sim, pelo céu, para que essas recordações?
— Não matam, meu filho. Se matassem, há muito que morrera, pois vivem comigo todas as
horas.
Vou contar-te o meu cativeiro.
— Não matam, meu filho. Se matassem, há muito que morrera, pois vivem comigo todas as
horas.
Vou contar-te o meu cativeiro.
Tinha chegado o tempo da colheita, e o
milho e o inhame e o amendoim eram em abundância nas nossas roças. Era um
destes dias em que a natureza parece entregar-se toda a brandos folgares, era
uma manhã risonha, e bela, como o rosto de um infante, entretanto eu tinha um peso
enorme no coração. Sim, eu estava triste, e não sabia a que atribuir minha
tristeza. Era a primeira vez que me afligia tão incompreensível pesar. Minha
filha sorria-se para mim, era ela gentilzinha, e em sua inocência semelhava um
anjo. Desgraçada de mim! Deixei-a nos braços de minha mãe, e fui-me à roça
colher milho. Ah, nunca mais devia eu vê-la.
No excerto:
“Tudo me obrigaram
os bárbaros a deixar! Oh, tudo, tudo até a própria liberdade!
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
Estava extenuada de aflição, a dor era-lhe viva, e assoberbava-lhe o coração.
— Ah, pelo céu! — exclamou o jovem negro enternecido — sim, pelo
céu, para que essas recordações?”
A - Por que o
jovem negro ficou enternecido (sensibilizado) com as recordações da personagem?
(Responda no caderno)
Ainda não tinha vencido cem braças do
caminho, quando um assobio, que repercutiu nas
matas, me veio orientar acerca do perigo eminente que aí me aguardava. E logo dois homens
apareceram, e amarraram-me com cordas. Era uma prisioneira — era uma escrava!
matas, me veio orientar acerca do perigo eminente que aí me aguardava. E logo dois homens
apareceram, e amarraram-me com cordas. Era uma prisioneira — era uma escrava!
Foi embalde que supliquei em nome de
minha filha, que me restituíssem a liberdade: os bárbaros sorriam-se das minhas
lágrimas, e olhavam-me sem compaixão. Julguei enlouquecer, julguei morrer, mas
não me foi possível. . . A sorte me reservava ainda longos combates. Quando me arrancaram
daqueles lugares, onde tudo me ficava — pátria, esposo, mãe e filha, e liberdade! Meu Deus, o
que se passou no fundo da minha alma, só vós o pudestes avaliar!
não me foi possível. . . A sorte me reservava ainda longos combates. Quando me arrancaram
daqueles lugares, onde tudo me ficava — pátria, esposo, mãe e filha, e liberdade! Meu Deus, o
que se passou no fundo da minha alma, só vós o pudestes avaliar!
“Meteram-me a mim e a mais trezentos
companheiros de infortúnio e de cativeiro no estreito e infecto porão de um
navio. Trinta dias de cruéis tormentos, e de falta absoluta de tudo quanto é
mais necessário à vida passamos nessa sepultura, até que abordamos às praias
brasileiras. Para caber a mercadoria humana no porão fomos amarrados em pé, e,
para que não houvesse receio de revolta, acorrentados como os animais ferozes
das nossas matas, que se levam para recreio dos potentados da Europa: davam-nos
a água imunda, podre e dada com mesquinhez, a comida má e ainda mais porca;
vimos morrer ao nosso lado muitos companheiros à falta de ar, de alimento e de
água. É horrível lembrar que criaturas humanas tratem a seus semelhantes assim,
e que não lhes doa a consciência de levá-los à sepultura asfixiados e famintos!”
Ø Neste excerto de “Úrsula”, de Maria
Firmino dos Reis, há a descrição do meio de transporte utilizado para o tráfico
de serres humanos da África para o Brasil. (Responda no caderno)
Ø
B - Você sabe a qual meio de transporte se refere o texto?
Ø No excerto seguinte, é possível perceber duas posturas dos
africanos raptados e trazidos pelo navio negreiro.
Ø “Muitos não deixavam chegar esse último
extremo — davam-se à morte.
Nos dois últimos dias não houve mais
alimento. Os mais insofridos entraram a vozear. Grande Deus! Da escotilha
lançaram sobre nós água e breu fervendo, que escaldou-nos e veio dar a morte
aos cabeças do motim.
A dor da perda da pátria, dos entes
caros, da liberdade fora sufocada nessa viagem pelo horror constante de
tamanhas atrocidades.
Não sei ainda como resisti — é que Deus
quis poupar-me para provar a paciência de sua
serva com novos tormentos que aqui me aguardavam. O comendador P. foi o senhor que me
escolheu. Coração de tigre é o seu! Gelei de horror ao aspecto de meus irmãos. . . os tratos
porque passaram, doeram-me até o fundo do coração.”
serva com novos tormentos que aqui me aguardavam. O comendador P. foi o senhor que me
escolheu. Coração de tigre é o seu! Gelei de horror ao aspecto de meus irmãos. . . os tratos
porque passaram, doeram-me até o fundo do coração.”
REIS,
Maria Firmina dos. Úrsula. Disponível em:<https://cadernosdomundointeiro.com.br/pdf/Ursula-2a-edicaoCadernos-do-Mundo-Inteiro.pdf>. Acesso em: 05 nov. 2019.
Nos
excertos lidos há a presença de muitos pontos de exclamação.
Ø
C- O que o uso desse recurso confere ao texto?
Ø
D- que você sabe sobre o
livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”, escrito no Brasil no ano de
1960?(pesquise)
Carolina Maria de Jesus e Conceição Evaristo são importantes escritoras
brasileiras. A literatura produzida por elas traz a voz de mulheres silenciadas
e reprimidas pela sociedade, mas para além disso, também questionamentos acerca
da identidade fragmentada em tempos modernos.
Elas resgatam discussões já iniciadas por Mário Firmina dos Reis,
ampliando de modo singular a maneira de se compreendera literatura produzida no
país. Vale a pena conhecer suas obras e estudar a relevância delas no contexto
histórico-social no qual estão inseridas.
Carolina Maria de Jesus, autora do
livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada”
ATIVIDADE 3- Elaborando
podcasts ( opcional)
Ø
Agora que você já conheceu um pouco sobre a obra de Maria
Firmina dos Reis, que tal ajudar a divulgá-la? Faça uma pesquisa sobre a autora
e o contexto de produção. Escolha um tema para desenvolver seu trabalho.
Sugerimos alguns:
·
A cultura dos povos escravizados.
·
A condição feminina nos dias de hoje.
·
O papel da mulher negra na literatura brasileira.
·
Maria Firmina dos Reis e a obra de Carolina Maria de Jesus e
Conceição Evaristo.
Depois, é
só compartilhar seu trabalho e divulgar para a comunidade, utilizando podcasts.
Currículo
Paulista. Caderno do Aluno, volume 2 , página 117.
Bons Estudos!!
lilibordinhao@gmail.com
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