Atividades para o período de aulas não presenciais
Orientações:
A entrega ou devolutiva das
atividades deverá ser feita através do e-mail:
celmaabreu@prof.educacao.sp.gov.br
O Aprender Sempre Volume 03 é o material produzido para
apoiar a recuperação e o aprofundamento de língua portuguesa.
Apresentação da aula
Ø Alinhada
com as aulas transmitidas pelo centro de mídias
Tema da aula: Aspectos da Narrativa –
Conto.
Etapas de Ensino: 8°ano
do Ensino Fundamental.
Habilidades do Currículo Paulista.
Essencial: (EF69LP54)
Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos
linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, que funcionam como
modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos,
personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.
Suporte: (EF69LP53) Ler
em voz alta textos literários diversos, bem como leituras orais capituladas
(compartilhadas ou não com o professor) de livros; contar/recontar histórias
tanto da tradição oral, quanto da tradição literária escrita, expressando a
compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva
e fluente, gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise
posterior.
Objetivos da Aula
• Reconhecer os elementos da narrativa no gênero textual
conto.
• Produzir, oralmente, narrativa curta.
Estudante, vamos começar?
A proposta dessa aula é
reconhecer e identificar os elementos narrativos presentes no gênero textual
conto. “O conto parte da noção de limite, e, em primeiro lugar, limite
físico”1, no sentido de que sua breve extensão material (pequeno número de
páginas) vem a ser uma de suas principais “marcas” definidoras.
Esta atividade está disponível
no material Aprender Sempre volume 3. Caso você esteja com ele em mãos poderá acessar
as páginas de 3 a 7 e realizar as atividades na própria apostila.
Aula 1
Muito bicho
Levantamento de conhecimentos prévios:
Responda em seu caderno:
1) Conto – o que é?
Caso não saiba faça a
pesquisa.
2) Sabe apontar alguma
diferença entre o conto e outras narrativas?
3) Quais contos você já ouviu?
Quem contou e qual conto foi? Já leu algum conto? Se sim, onde foi? Na escola,
em casa ou em outro lugar?
2) Você se lembra qual foi o
último conto que leu?
_______________________________________________________________
Leia com atenção o excerto do
conto “Trezentas onças” de J. Simões Lopes Neto.
Texto 1: Trezentas onças2
J. Simões Lopes Neto
Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que
viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar
aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde
devia pousar.
Parece que foi ontem! ... Era
fevereiro; eu vinha abombado da troteada.
— Olhe, ali, na restinga, à
sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, na beira do passo,
desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre
os olhos, fiz uma sesteada morruda.
Despertando, ouvindo o ruído
manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de
me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!
Debaixo da barranca havia um
fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas,
porque não tinha cancha para um bom nado.
E solito e no silêncio, tornei a vestir-me,
encilhei o zaino e montei. Daquela vereda andei como três léguas, chegando à
estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.
— Ah!... esqueci de dizer-lhe
que andava comigo um cachorro brasido, um cusco mui esperto e bom vigia. Era
das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair a
porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia
sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.
Por sinal que uma noite...
Mas isso é outra cousa: vamos
ao caso.
Durante a troteada bem reparei
que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e
olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; —
parecia que o bichinho estava me chamando! ... Mas como eu ia, ele tornava a
alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.
— Pois, amigo! Não lhe conto
nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as —
boas tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti
na cintura o peso da guaiaca!
Tinha perdido trezentas onças
de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.
E logo passou-me pelos olhos
um clarão de cegar, depois uns coriscos tirantes a roxo... depois tudo me ficou
cinzento, para escuro...
Eu era mui pobre — e ainda
hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu
patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de
pedras...
Assim, de meio assombrado me fui repondo
quando ouvi que indagavam:
— Então patrício? Está doente?
— Obrigado! Não senhor,
respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do
meu patrão...
— A la fresca!...
— É verdade... antes morresse, que isto! Que
vai ele pensar agora de mim!...
— É uma dos diabos, é... mas;
não se acoquine, homem!
Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho
do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E
olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...
Ah!... E num repente
lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho,
a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a
guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que
tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num
espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia,
fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.
Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o
remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.
[...]
Entendendo o Texto
1) No texto lido, há palavras
que podem causar estranheza ao significado. Anote as expressões cujos
significados você desconhece. Que tal tentar descobrir, observando os
períodos/frases em que elas aparecem? Caso não seja possível descobrir os
significados, consulte o dicionário físico ou online.
2) Após a leitura e análise do excerto do conto,
responda às perguntas a seguir:
a.
Releia esse trecho: “Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé
em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas
tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não
senti na cintura o peso da guaiaca!”
Esse trecho se refere a uma
das falas do narrador-personagem. Como pode ser caracterizada essa personagem,
a partir da linguagem utilizada por ela?
b. Pelas
características da personagem que narra a história, em que lugar do Brasil se
passam os fatos narrados? Justifique.
c. Que
palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco
brasino” se refere a esse animal? Como o animal é descrito?
3) Vamos analisar os elementos
que constituem a estrutura do conto?
a.
Lugar:
b. Tempo:
c.
Personagens:
d.
Narrador:
e.
Enredo:
4) Agora, imaginem um final
para o conto, relacionando esse final ao título do texto, de modo que evidenciem
o entendimento sobre o significado das “onças” no texto.
5) Pesquisa:
a) O que é Regionalismo? Caso não saiba faça uma pesquisa.
Obs: Paramos na página 7 da apostila Aprender Sempre volume 3. Logo mais daremos continuidade....
Bons estudos!
Cuidem-se!
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