segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Professora Celma: Língua Portuguesa - 8°anos A,B,C,D - Orientações e Atividade

 Atividades para o período de aulas não presenciais

Orientações:

A entrega ou devolutiva das atividades deverá ser feita através do e-mail:

celmaabreu@prof.educacao.sp.gov.br

O Aprender Sempre Volume 03 é o material produzido para apoiar a recuperação e o aprofundamento de língua portuguesa.

Apresentação da aula

Ø  Alinhada com as aulas transmitidas pelo centro de mídias

Tema da aula: Aspectos da Narrativa – Conto.

Etapas de Ensino: 8°ano do Ensino Fundamental.

Habilidades do Currículo Paulista.

Essencial: (EF69LP54) Analisar os efeitos de sentido decorrentes da interação entre os elementos linguísticos e os recursos paralinguísticos e cinésicos, que funcionam como modificadores, percebendo sua função na caracterização dos espaços, tempos, personagens e ações próprios de cada gênero narrativo.

Suporte: (EF69LP53) Ler em voz alta textos literários diversos, bem como leituras orais capituladas (compartilhadas ou não com o professor) de livros; contar/recontar histórias tanto da tradição oral, quanto da tradição literária escrita, expressando a compreensão e interpretação do texto por meio de uma leitura ou fala expressiva e fluente, gravando essa leitura ou esse conto/reconto, seja para análise posterior.

Objetivos da Aula

• Reconhecer os elementos da narrativa no gênero textual conto.

• Produzir, oralmente, narrativa curta.

Estudante, vamos começar?

A proposta dessa aula é reconhecer e identificar os elementos narrativos presentes no gênero textual conto. “O conto parte da noção de limite, e, em primeiro lugar, limite físico”1, no sentido de que sua breve extensão material (pequeno número de páginas) vem a ser uma de suas principais “marcas” definidoras.

Esta atividade está disponível no material Aprender Sempre volume 3. Caso você esteja com ele em mãos poderá acessar as páginas de 3 a 7 e realizar as atividades na própria apostila.


Aula 1

Muito bicho

Levantamento de conhecimentos prévios:

Responda em seu caderno:

1) Conto – o que é?

Caso não saiba faça a pesquisa.

2) Sabe apontar alguma diferença entre o conto e outras narrativas?

3) Quais contos você já ouviu? Quem contou e qual conto foi? Já leu algum conto? Se sim, onde foi? Na escola, em casa ou em outro lugar?

2) Você se lembra qual foi o último conto que leu?

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Leia com atenção o excerto do conto “Trezentas onças” de J. Simões Lopes Neto.

Texto 1: Trezentas onças2

J. Simões Lopes Neto

 Eu tropeava, nesse tempo. Duma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância da Coronilha, onde devia pousar.

Parece que foi ontem! ... Era fevereiro; eu vinha abombado da troteada.

— Olhe, ali, na restinga, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, na beira do passo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda.

Despertando, ouvindo o ruído manso da água tão limpa e tão fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... e fui-me à água que nem capincho!

Debaixo da barranca havia um fundão onde mergulhei umas quantas vezes; e sempre puxei umas braçadas, poucas, porque não tinha cancha para um bom nado.

 E solito e no silêncio, tornei a vestir-me, encilhei o zaino e montei. Daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo ainda, obra assim de braça e meia de sol.

— Ah!... esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorro brasido, um cusco mui esperto e bom vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair a porteira, nem por nada fazia cara-volta, a não ser comigo. E nas viagens dormia sempre ao meu lado, sobre a ponta da carona, na cabeceira dos arreios.

Por sinal que uma noite...

Mas isso é outra cousa: vamos ao caso.

Durante a troteada bem reparei que volta e meia o cusco parava-se na estrada e latia e corria pra trás, e olhava-me, olhava-me e latia de novo e troteava um pouco sobre o rastro; — parecia que o bichinho estava me chamando! ... Mas como eu ia, ele tornava a alcançar-me, para daí a pouco recomeçar.

— Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!

Tinha perdido trezentas onças de ouro que levava, para pagamento de gados que ia levantar.

E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos tirantes a roxo... depois tudo me ficou cinzento, para escuro...

Eu era mui pobre — e ainda hoje, é como vancê sabe... —; estava começando a vida, e o dinheiro era do meu patrão, um charqueador, sujeito de contas mui limpas e brabo como uma manga de pedras...

 Assim, de meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam:

— Então patrício? Está doente?

— Obrigado! Não senhor, respondi, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça: perdi uma dinheirama do meu patrão...

— A la fresca!...

 — É verdade... antes morresse, que isto! Que vai ele pensar agora de mim!...

— É uma dos diabos, é... mas; não se acoquine, homem!

 Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambê-lo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir...

Ah!... E num repente lembrei-me bem de tudo. Parecia que estava vendo o lugar da sesteada, o banho, a arrumação das roupas nuns galhos de sarandi, e, em cima de uma pedra, a guaiaca e por cima dela o cinto das armas, e até uma ponta de cigarro de que tirei uma última tragada, antes de entrar na água, e que deixei espetada num espinho, ainda fumegando, soltando uma fitinha de fumaça azul, que subia, fininha e direita, no ar sem vento...; tudo, vi tudo.

 Estava lá, na beirada do passo, a guaiaca. E o remédio era um só: tocar a meia rédea, antes que outros andantes passassem.

 [...]

Entendendo o Texto

1) No texto lido, há palavras que podem causar estranheza ao significado. Anote as expressões cujos significados você desconhece. Que tal tentar descobrir, observando os períodos/frases em que elas aparecem? Caso não seja possível descobrir os significados, consulte o dicionário físico ou online.

2)  Após a leitura e análise do excerto do conto, responda às perguntas a seguir:

a. Releia esse trecho: “Pois, amigo! Não lhe conto nada! Quando botei o pé em terra na ramada da estância, ao tempo que dava as — boas tardes! — ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti na cintura o peso da guaiaca!”

Esse trecho se refere a uma das falas do narrador-personagem. Como pode ser caracterizada essa personagem, a partir da linguagem utilizada por ela?

b. Pelas características da personagem que narra a história, em que lugar do Brasil se passam os fatos narrados? Justifique.

c. Que palavras ou expressões do texto permitem chegar à conclusão de que “cusco brasino” se refere a esse animal? Como o animal é descrito?

3) Vamos analisar os elementos que constituem a estrutura do conto?

a. Lugar:

b. Tempo:

c. Personagens:

d. Narrador:

e. Enredo:

4) Agora, imaginem um final para o conto, relacionando esse final ao título do texto, de modo que evidenciem o entendimento sobre o significado das “onças” no texto.

5) Pesquisa:

a) O que é Regionalismo? Caso não saiba faça uma pesquisa.

Obs: Paramos na página 7 da apostila Aprender Sempre volume 3. Logo mais daremos continuidade....

Bons estudos!

Cuidem-se!


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