2º Anos A e B ( 2º bim)
Espaço Industrial
Brasileiro
O Espaço Industrial Brasileiro, assim
como em todos os lugares, seguiu as características gerais do processo de
industrialização das sociedades a partir do modo de produção capitalista. O
processo de criação e instalação de indústrias em um território literalmente
produz o espaço, transformando-o e conferindo a ele novas lógicas e novos
significados. A industrialização contribui, principalmente, para a intensa e
rápida urbanização do território, bem como para as concentrações econômica,
populacional, de infraestrutura e de investimentos financeiros.
No
Brasil, o processo de industrialização iniciou-se enquanto política de Estado a
partir da década de 1930, quando a dependência econômica nas exportações de
matérias-primas, com destaque para o café, levou a economia do país a ruir
diante da Crise de 1929. Tal proposição intensificou-se com o chamado Plano de
Metas, na década de 1950, e acarretou para uma ampliação da produção industrial
brasileira.
No
entanto, essa concentração ocorreu, sobretudo, na região Sudeste do Brasil, com
o predomínio da cidade de São Paulo, em função de sua posição geográfica
estratégica e da herança econômica ofertada pela produção cafeeira, que
conferiram a essa cidade uma ligação com o Oeste e com o Porto de Santos
através das ferrovias.
Além
disso, a partir da década de 1950, a indústria automobilística consolidou-se
nessa região, o que foi fundamental para a concentração do parque industrial
brasileiro na capital paulista e em sua região metropolitana. Tais processos
provocaram uma rápida e precária urbanização, bem como a explosão de movimentos
migratórios advindos das diferentes regiões do Brasil.
O
resultado foi o grande surto populacional da região Sudeste. Em 1872, São Paulo
contava com cerca de 32 mil habitantes e era a décima maior cidade brasileira;
ao final do século XX, já se tornara a maior metrópole do país e a quarta maior
do mundo, com mais de 20 milhões de
habitantes, contando a cidade e
sua região metropolitana, e 11 milhões, contando apenas a capital.
Na década
de 1970, a produção industrial da capital paulista e de seu entorno
representava quase a metade de toda a produção industrial nacional.
Todavia,
a partir da década de 1980 em diante, houve esforços governamentais que se
preocuparam em proporcionar uma desconcentração industrial do país, fato que só
se efetivou claramente a partir da década de 1990. Apesar disso, São Paulo
continuou na liderança nacional industrial, muito em virtude de sua
modernização e ampliação de seu aparato tecnológico e industrial.
Observe o crescimento demográfico da cidade de São Paulo no século XX e como ele diminuiu a partir do século XXI. ¹
Desconcentração
industrial e Desmetropolização
Com a
promulgação da Constituição Federal de 1988, as Unidades Federativas
brasileiras ganharam maior autonomia no que diz respeito à política de
implantação de impostos e de gerência de seu território.
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O
resultado disso foi a instauração de um fenômeno chamado de “Guerra Fiscal”, em
que os estados passaram a brigar pela presença das indústrias em seus espaços.
Tal preocupação dava-se no fato de que a instalação de indústrias em um dado
local ampliava a geração de empregos, elevava o consumo e angariava
investimentos para obras de infraestrutura.
O
problema é que esse processo de desconcentração industrial do território
brasileiro não foi acompanhado de uma política de gerência urbana do espaço,
acarretando para a difusão de problemas socioambientais no espaço das grandes
cidades, com o crescimento dos índices de violência e a precarização das
escolas, que não possuíam capacidade para atender a todo o quantitativo
populacional. Além disso, observou-se também a ocorrência da favelização das
cidades, segregação urbana, crescimento desordenado e precarização do trabalho
assalariado, o que reduzia o poder de consumo da população. Viver nas cidades,
sobretudo a partir do final do século XX, tornou-se um grande desafio.
Diante disso, observa-se atualmente o crescimento
dos polos industriais e farmoquímicos, bem como sua dispersão pelo país, o que
vem resultando no processo de Desmetropolização das grandes
cidades, que mesmo registrando crescimentos populacionais, não vêm atraindo
mais a mesma quantidade de pessoas de outras regiões como anteriormente.
Em contrapartida, observou-se o crescimento das
chamadas cidades médias, que se caracterizam por ter uma população
fixada entre 200 e 500 mil habitantes e por não se encontrarem em regiões
metropolitanas. Tais cidades vêm se tornando verdadeiros atrativos para
indústrias que buscam menos prejuízos financeiros com transporte (em razão dos
congestionamentos das grandes cidades), além de impostos menores, terrenos mais
baratos e força sindical menos articulada, o que favorece a diminuição de
custos com salários.
Outro
fato que contribui para esse processo de desmetropolização é a consolidação da
malha rodoviária do Brasil, diferentemente do que havia nos tempos de
instalação das indústrias brasileiras. Atualmente é mais fácil – também em
função da Revolução Técnico-Científica – a dispersão de produtos e serviços
para dentro e para fora do território, de forma que a estratégia de localização
da indústria no espaço diminuiu em importância.
Essa
dinâmica vem favorecendo o crescimento das médias cidades que, no entanto, só
oferecem boas condições de subsistência para trabalhadores que possuem
qualificações ou experiência em ramos industriais cada vez mais avançados
tecnologicamente.
Apesar
disso, é importante frisar que não é possível dizer que as metrópoles tendem a
reduzir suas populações nos próximos anos, até porque as cidades médias e
pequenas já demonstraram não ser capazes de absorver toda a mão de obra
presente nas grandes cidades. A tendência que vem se revelando é que elas
também passem a apresentar problemas urbanos, sociais, ambientais e de
mobilidade.
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