segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Liria Bordinhao - 2A - Língua Portuguesa e Literatura - semana de 23 a 27 de novembro

 

LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA

DATA DA AULA: 20/10/2020

TEMA DA AULA: “Recursos linguísticos em textos narrativos” – Aulas 5 e 6 (páginas 8 à 16)

ETAPA DE ENSINO: 2º ano Médio

 

Habilidades do Currículo do Estado de São Paulo:

Ø  Confrontar um texto produzido antes do século XX com outros textos, opiniões e informações, posicionando-se criticamente, levando em conta os diferentes modos de ver o mundo presente.

 

Objetivos de conhecimento:

Ø  Analisar os recursos expressivos usados na linguagem literária a partir de um trecho do romance Senhora, de José de Alencar.

 

I – Estratégia

Ø  Ler um trecho do romance Senhora, de José de Alencar.

Ø  Contextualizar, com este trecho, o estudo sobre metáfora.


Aprender Sempre, 2020. Caderno do professor, 2ª série, vol. 3, capa.

 

Responda

Ø  Você acredita que um casamento por interesse pode se transformar em um casamento feliz?

 

II – Senhora, de José de Alencar


© Pixabay

 

O Preço

Há anos raiou no céu fluminense uma nova estrela.

 

Desde o momento de sua ascensão ninguém lhe disputou o cetro; foi proclamada a rainha dos salões.

 

Tornou-se a deusa dos bailes; a musa dos poetas e o ídolo dos noivos em disponibilidade.

 

Era rica e formosa.

 

Duas opulências, que se realçam como a flor em vaso de alabastro; dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.

 

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro, e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira o seu fulgor?

 

Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia.

 

Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros.

 

Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina.

 

Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse.

 

Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta.

 

A convicção geral era que o futuro da moça dependia exclusivamente de suas inclinações ou de seu capricho; e por isso todas as adorações se iam prostrar aos próprios pés do ídolo.

 

Assaltada por uma turba de pretendentes que a disputavam como o prêmio da vitória, Aurélia, com sagacidade admirável em sua idade, avaliou da situação difícil em que se achava, e dos perigos que a ameaçavam.

[...]

 

As revoltas mais impetuosas de Aurélia eram justamente contra a riqueza que lhe servia de trono, e sem a qual nunca por certo, apesar de suas prendas, receberia como rainha desdenhosa, a vassalagem que lhe rendiam.

 

Por isso mesmo considerava ela o ouro, um vil metal que rebaixava os homens; e no íntimo sentia-se profundamente humilhada pensando que para toda essa gente que a cercava, ela, a sua pessoa, não merecia uma só das bajulações que tributavam a cada um de seus mil contos de réis.

Aprender Sempre, 2020. Caderno do professor, 2ª série, Vol. 3, p. 12. Fonte: ALENCAR, J. Senhora.

Responda

 

Ø  Quais adjetivos são usados para descrever Aurélia?

 

 

 

 

 

 

 

III - Observe...

Comparação

Metáfora

Duas opulências (ser rica e formosa), que se realçam como a flor em vaso de alabastro.

As duas opulências são flor em vaso de alabastro.

SPAS Caderno do Professor, Aprender Sempre Língua Portuguesa, 2ª série EM,  volume 3, p. 13, 2020.

 

 

Responda –

 

Ø  Transforme a Comparação em Metáfora

 

Comparação

Metáfora

Dois esplendores que se refletem, como o raio de sol no prisma do diamante.

 

Comparação

Metáfora

Aurélia Camargo atravessou o firmamento da Corte como brilhante meteoro.

 

Comparação

Metáfora

Uma turba de pretendentes disputava Aurélia como o prêmio da vitória.

 

Comparação

Metáfora

(eles) Rendiam vassalagem a Aurélia como rainha desdenhosa.

 

Ø  De acordo com o exercício anterior, qual a diferença entre comparação e metáfora?

 

 

 

 

 

 

 

 

IV – Noite de Núpcias de Aurélia e Fernando


© Pixabay

Seixas ajoelhou aos pés da noiva; tomou-lhe as mãos que ela não retirava; e modulou o seu canto de amor, essa ode sublime do coração, que só as mulheres entendem, como somente as mães percebem o balbuciar do filho.  

 

A moça com o talhe languidamente recostado no espaldar da cadeira, a fronte reclinada, os olhos coalhados em uma ternura maviosa, escutava as falas de seu marido; toda ela se embebia dos eflúvios de amor, de que ele a repassava com a palavra ardente, o olhar rendido, e o gesto apaixonado.

 

— É então verdade que me ama?

— Pois duvida, Aurélia?   

— E amou-me sempre, desde o primeiro dia que nos vimos?

— Não lho disse já?

— Então nunca amou a outra?

— Eu lhe juro, Aurélia. Estes lábios nunca tocaram a face de outra mulher, que não fosse minha mãe. O meu primeiro beijo de amor, guardei-o para minha esposa, para ti...

 

Soerguendo-se para alcançar-lhe a face, não viu Seixas a súbita mutação que se havia operado na fisionomia de sua noiva. Aurélia estava lívida, e a sua beleza, radiante há pouco, se marmorizara.

 

— Ou de outra mais rica!... disse ela retraindo-se para fugir ao beijo do marido, e afastando-o com a ponta dos dedos. A voz da moça tomara o timbre cristalino, eco da rispidez e aspereza do sentimento que lhe sublevava o seio, e que parecia ringir-lhe nos lábios como aço.

— Aurélia! Que significa isto?

 

— Representamos uma comédia, na qual ambos desempenhamos o nosso papel com perícia consumada. Podemos ter este orgulho, que os melhores atores não nos excederiam. Mas é tempo de pôr termo a esta cruel mistificação, com que nos estamos escarnecendo mutuamente, senhor. Entremos na realidade por mais triste que ela seja; e resigne-se cada um ao que é, eu, uma mulher traída; o senhor, um homem vendido.

— Vendido! exclamou Seixas ferido dentro d’alma.

 

— Vendido, sim: não tem outro nome. Sou rica, muito rica; sou milionária; precisava de um marido, traste indispensável às mulheres honestas. O senhor estava no mercado; comprei-o. Custou-me cem contos de réis, foi barato; não se fez valer. Eu daria o dobro, o triplo, toda a minha riqueza por este momento. Aurélia proferiu estas palavras desdobrando um papel, no qual Seixas reconheceu a obrigação por ele passada ao Lemos. Não se pode exprimir o sarcasmo que salpicava dos lábios da moça; nem a indignação que vazava dessa alma profundamente revolta, no olhar implacável com que ela flagelava o semblante do marido. Seixas, trespassado pelo cruel insulto, arremessado do êxtase da felicidade a esse abismo de humilhação, a princípio ficara atônito.

Depois quando os assomos da irritação vinham sublevando-lhe a alma, recalcou-os esse poderoso sentimento do respeito à mulher, que raro abandona o homem de fina educação. Penetrado da impossibilidade de retribuir o ultraje à senhora a quem havia amado, escutava imóvel, cogitando no que lhe cumpria fazer; se matá-la a ela, matar-se a si, ou matar a ambos. Aurélia como se lhe adivinhasse o pensamento,  esteve por algum tempo afrontando-o com inexorável desprezo.

— Agora, meu marido, se quer saber a razão por que o comprei de preferência a qualquer outro, vou dizê-la; e peço-lhe que me não interrompa. Deixe-me vazar o que tenho dentro desta alma, e que há um ano a está amargurando e consumindo.

 

A moça apontou a Seixas uma cadeira próxima.

 

— Sente-se, meu marido.

 

Com que tom acerbo e excruciante lançou a moça esta frase meu marido, que nos seus lábios ríspidos acerava-se como um dardo ervado de cáustica ironia! Seixas sentou-se. Dominava-o a estranha fascinação dessa mulher, e ainda mais a situação incrível a que fora.

 

Responda

 

Ø  Como a expectativa de Fernando Seixas se transforma em uma discussão entre o casal?

Ø  Em que momento Seixas se dá conta de que sua expectativa não se realizará?

 

Ø  Para construir a transição na narrativa, José de Alencar faz uso de recursos expressivos muito comuns nos textos literários da época, como descrição detalhada, com uso de adjetivos ou locuções adjetivas.

Veja alguns exemplos retirados do texto:

“olhos coalhados”

“inexorável desprezo”

“tom acerbo e excruciante”

“eflúvios de amor”

 

Ø  Qual efeito de sentido o uso de adjetivos e locuções adjetivas provoca na descrição da narrativa?

Aprender Sempre, 2020. Caderno do professor, 2ª série, Vol. 3, capa.

V -  Atividade complementar

Ø  Faça uma pesquisa sobre outras personagens femininas importantes da literatura brasileira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

BONS ESTUDOS!!!

 

lilibordinhao@gmail.com

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