segunda-feira, 8 de junho de 2020


Prof. Liria Bordinhao 2 A  Lingua Portuguesa e Literatura – Semana de 08 a 12 de junho – Segundo bimestre –
As atividades postadas a partir de 08 de junho de 2020 serão notas para segundo bimestre

DATA DA AULA no CMSP : 21/05/2020
HORÁRIO: 17H00 às 17h45 (45 minutos)
TEMA DA AULA:  Memorias do Sargento de Milícias e Conectivos
ETAPA DE ENSINO: 2º ano Médio

Habilidades do Currículo do Estado de São Paulo:
Ø  Reconhecer os elementos constitutivos que caracterizam os gêneros: romance, comédia de costumes, poema, artigo de opinião e anúncio publicitário;
Ø  Estabelecer relações lógico-discursivas, analisando o valor argumentativo dos conectivos.

Objetivos da aula:
Ø  Estratégias de Leitura e Textualização.

I – O que faremos hoje?
Ø  Ler um capítulo de Memórias de um Sargento de Milícias, obra de Manuel Antônio de Almeida;
Ø  Compreender as especificidades de um romance urbano;
Ø  Estabelecer relações lógico-discursivas, analisando o valor argumentativo dos conectivos;
Ø  Pensar estratégias de leitura e textualização.

II - Pra começo de conversa...

Ø  O que é um romance?

III – O romance urbano  ou de costumes
Sobre a obra
       O romance urbano ou de costumes, Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de
Almeida, foi escrito durante a primeira geração romântica brasileira, mas não possui as características dessa época, na qual predominavam romances sob a ótica nacionalista, que retratava heróis belos,
corajosos e cheios de princípios.
       Inicialmente, a obra foi publicada em forma de folhetins semanais, no Correio Mercantil do Rio de Janeiro, e trouxe, pela primeira vez, a representação do malandro na literatura nacional.
       Este romance apresenta personagens típicos da sociedade carioca do século XIX, revela a pobreza e a corrupção, faz uso de linguagem coloquial, traz a presença de anti-herói, com muitas cenas de humor e ausência de valores morais e sociais.
São Paulo faz Escola. Caderno do Aluno. 2º ano, Volume 1, p.94.






IV - O texto:
Capítulo XIII – Mudança de Vida (Memórias de um Sargento de Miilícias – Manuel Antônio de  Almeida)
XIII MUDANÇA DE VIDA
       A custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e sobretudo de muita paciência, conseguiu o compadre que o menino freqüentasse a escola durante dois anos e que aprendesse a ler muito mal e escrever ainda pior. Em todo este tempo não se passou um só dia em que ele não levasse uma remessa maior ou menor de bolos; e apesar da fama que gozava o seu pedagogo de muito cruel e injusto, é preciso confessar que poucas vezes o fora para com ele: o menino tinha a bossa da desenvoltura, e isto, junto com as vontades que lhe fazia o padrinho, dava em resultado a mais refinada má-criação que se pode imaginar. Achava ele um prazer suavíssimo em desobedecer a tudo quanto se lhe ordenava; se se queria que estivesse sério, desatava a rir como um perdido com o maior gosto do mundo; se se queria que estivesse quieto, parece que uma meia oculta o impelia e fazia com que desse uma idéia pouco mais ou menos aproximada do moto-contínuo
       Nunca uma pasta, um tinteiro, uma lousa lhe durou mais de 15 dias: era tido na escola pelo mais refinado velhaco; vendia aos colegas tudo que podia ter algum valor, fosse seu ou alheio, contanto que lhe caísse nas mãos: um lápis, uma pena, um registo, tudo lhe fazia conta; o dinheiro que apurava empregava sempre do pior modo que podia. Logo no fim dos primeiros cinco dias de escola declarou ao padrinho que já sabia as ruas, e não precisava mais de que ele o acompanhasse; no primeiro dia em que o padrinho anuiu a que ele fosse sozinho fez uma tremenda gazeta; tomou depois gosto a esse hábito, e em pouco tempo adquiriu entre os companheiros o apelido de gazeta-mor da escola, o que também queria dizer apanha-bolos-mor.
       Um dos principais pontos em que ele passava alegremente as manhãs e tardes em que fugia à escola era a igreja da Sé. O leitor compreende bem que isto não era de modo algum inclinação religiosa; na Sé à missa, e mesmo fora disso, reunia-se gente, sobretudo mulheres de mantilha, de quem tomara particular zanguinha por causa da semelhança com a madrinha, e é isso o que ele queria, porque internando-se na multidão dos que entravam e saíam, passava despercebido, e tinha segurança de que o não achariam com facilidade se o procurassem. (Adaptado)
Obra completa em domínio público. Disponível em: http://dominiopublico.gov.br

V - Questões Norteadoras
1.    O capítulo XIII apresenta um pouco da personalidade do protagonista do livro “Memórias de um Sargento de Milícias”
De acordo com este trecho, como podemos definir a personalidade do menino Leonardo? 

       Esta vida durou por muito tempo; porém afinal já eram as gazetas tão repetidas, que o padrinho se viu forçado a acompanhá-lo outra vez todos os dias para a escola, o que desfez todos os planos que os dois tinham concertado.
      O nosso futuro clérigo tinha muitas vezes pensado em como não lhe seria agradável ver-se revestido como o seu companheiro de uma batina e uma sobrepeliz, e feito também sacristão, ter a toda hora à sua disposição quantos caniços quisesse, ter por sua e de seu amigo toda a igreja, poder nos dias de festa, tomando o turíbulo, afogar em ondas de fumaça a cara da velha que mais perto lhe ficasse na ocasião da missa.
      Oh! isto era um sonho de venturas! Vendo-se privado, depois que o padrinho o acompanhava, de gozar parte destes prazeres, como fazia nos dias de fugida, atearam-se-lhe os desejos, e começou a confessá-los ao padrinho, dando a entender que nada havia de que agora gostasse tanto como fosse a igreja, para a qual, dizia ele, parecia ter nascido. Isto foi para o padrinho um alegrão, porque neste gosto recente do pequeno via furo aos seus projetos.
       — Eu bem dizia... pensava consigo; não tem dúvida, vou adiante; o rapaz está-me enchendo as medidas.
Afinal o menino tomou um dia uma resolução última, e propôs ao padrinho que o fizesse sacristão.
       — Isso seria muito bom, disse ele, a fim de acostumar-me para quando for padre.






2.    O padrinho de Leonardo o quer para padre.
O menino Leonardo possui caracteristicas prórpias para ser padre? Por quê?

       A princípio a idéia deslumbrou ao padrinho, porém mais tarde acudiu-lhe a reflexão, e assentou que seria rebaixar o menino e comprometer a sua dignidade futura. Afinal porém tantas foram as rogativas e argumentos do pequeno, que se viu obrigado a ceder. O menino tinha nisso duas enormes vantagens; satisfazia seus desejos e saía da escola, poupando assim as remessas diárias de bolos.
       — Está bem, dissera consigo o padrinho, ele já sabe ler alguma coisa e escrever: deixo-o, para fazer-lhe a vontade, algum tempo na Sé, para que também tome mais amor àquela vida, e depois, apenas o vir com o juízo mais assente, hei de ir adiante com a coisa.
       Foi em conseqüência procurar aquele sacristão da Sé que dançara o minuete na festa do batizado, que era nada menos do que o pai do sacristãozinho com que o nosso pequeno travara amizade, para arranjar o afilhado, que não queria outra igreja que não fosse a Sé. Felizmente pôde ele ser admitido; com a prática que tivera dos dias de gazeta aprendera pouco mais ou menos todo o cerimonial que é mister a um sacristão: ajudar a missa já ele sabia, às outras coisas aperfeiçoou-se em pouco tempo.
       Em poucos dias aprontou-se, e em uma bela manhã saiu de casa vestido com a competente batina e sobrepeliz, e foi tomar posse do emprego. Ao vê-lo passar a vizinha dos maus agouros soltou uma exclamação de surpresa a princípio, supondo alguma asneira do compadre; porém reparando, compreendeu o que era, e desatou uma gargalhada.
       — E que tal?!... Deus vos guarde, Sr. cura, disse fazendo um cumprimento.
       O menino lançou-lhe um olhar de revés, e respondeu entre dentes:
       — Eu sou cura, e hei de te curar...
       Era aquilo uma promessa de vingança.
       — Ora dá-se? continuou a vizinha consigo mesma; aquilo na igreja é um pecado!!

3.    Quais forma os reais motivos que o levaram a ser sacristão?
4.    Que argumentos ele usou para convencer o padrinho a esse respeito?
       Chegou o menino à Sé impando de contente; parecia-lhe a batina um manto real. Por fortuna houve logo nesse dia dois batizados e um casamento, e ele teve assim ocasião de entrar no pleno exercício de suas funções, em que começou revestindo-se da maior gravidade deste mundo. No outro dia porém o negócio começou a mudar de figura, e as brejeiradas começaram.
       A primeira foi em uma missa cantada. Coube ao pequeno o ficar com uma tocha, e ao companheiro o turíbulo ao pé do altar.
       Por infelicidade a vizinha do compadre, a quem o menino prometera curar, sem pensar no que fazia colocou-se perto do altar junto aos dois. Assim que a avistou, o novo sacristão disse algumas palavras a seu companheiro, dando-lhe de olho para a mulher. Daí a pouco colocaram-se os dois disfarçadamente em distância conveniente, e de maneira tal, que ela ficasse pouco mais ou menos com um deles atrás e outro adiante.
       Começaram então os dois uma obra meritória: enquanto um, tendo enchido o turíbulo de incenso, e balançando-o convenientemente, fazia com que os rolos de fumaça que se desprendiam fossem bater de cheio na cara da pobre mulher, o outro com a tocha despejava-lhe sobre as costas da mantilha a cada passo plastradas de cera derretida, olhando disfarçado para o altar. A pobre mulher exasperou-se, e disse-lhes não sabemos o quê.
       — Estamos te curando, respondeu o menino tranqüilamente.
       Vendo que não tirava partido, quis a devota mudar de lugar e sair, porém o aperto era tão grande que o não pôde fazer, e teve de aturar o suplício até o fim. Acabada a festa, dirigiu-se ao mestre-de-cerimônias, e fez uma enorme queixa, que custou aos dois uma tremenda sarabanda. Pouco porém se importaram com isso, uma vez que tinham realizado o seu plano.

5.    Assim como em O Noviço, de Martins Penam também escrito no século XIX, a obra Memórias de um Sargento de Milícias aborda questões ligadas à ausência de valores morais. Selecione um trecho do texto que represente uma situação amoral e comente sobre ela.




VI – O que fizemos hoje?
Ø  Lemos um capítulo de “Memórias de um Sargento de Milícias de Manuela Antônio de Almeida.
Ø  Compreendemos as especificidades de um romance urbano;
Ø  Estabelecemos relações lógico-discursivas, analisando o valor argumentativo dos conectivos;
Ø  Refletimos sobre as estratégias de leitura e textualização.












Atividades complementares
6.    Apostila - Ler o texto e responder as questões no caderno – Páginas 94, 95 e 96.

7.    O quadro a seguir, demonstra a forma que algumas pessoas vivem e o que elas representam em uma sociedade; da ordem e da desordem:
De acordo com o capítulo que você leu, identifique as personagens e a posição que elas ocupam na sociedade.


Responder as questões no caderno, tirar foto e enviar para e-mail
lilibordinhao@gmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário